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Residência de Primavera | Cristiano Mangovo


Para esta Residência de Primavera, a Wozen lança-se ao desafio de investigar um dos maiores paradigmas contemporâneos, a mobilidade humana, a migração internacional diante de um mundo em constante movimento, a aproximação das fronteiras devido ao avanço da tecnologia em contraste ao crescimento exponencial do número de refugiados e actos de extremismo.  

Durante o período de três meses, o artista angolano Cristiano Mangovo assume este território multidisciplinar com a responsabilidade de partilhar uma visão abrangente da atual dinâmica de migração, analisando questões complexas e emergentes que vêm moldando e colocando desafios à mobilidade humana e à democracia. O objetivo é trazer para superfície temas como conectividade transnacional, remessa de mão-de-obra, tráfico de pessoas, migração irregular, xenofobia e integração social.

Mangovo nasceu em 1982 em Cabinda - Angola. Devido a guerra civil que tomara conta de seu País após independência do domínio português, junto da sua família, Cristiano migrou como menor de idade refugiado para República Democrática do Congo, onde viveu até maior de idade e fez formação de Artes plásticas, especialmente em pintura na Faculdade de Belas Artes de Kinshasa. Regressa em 2009 após a assinatura de acordo da paz em Angola.

Sua obra é multifacetada, variando de retrato a impressionismo e surrealismo, através da instalação, na qual ele experimenta novas técnicas e diferentes materiais. Em qualquer destas correntes ou tendências, já possui um traço distintivo que distingue o seu estilo no contexto da pintura contemporânea angolana.

O artista desta residência de primavera fora selecionado não apenas pela sua prática artística, mas por sua trajetória de vida e os reflexos de suas escolhas não tradicionais na arte que produz, diante um sistema opressor, é um sobrevivente que representa a voz de milhões que batalham exclusivamente por sua existência.

A migração internacional é um fenômeno complexo que abrange uma multiplicidade de elementos econômicos, sociais e de segurança que afetam o cotidiano de um mundo cada vez mais interconectado. Nos últimos anos, assistimos a um aumento significativo do deslocamento de populações, tanto internas como transfronteiriças, em grande parte devido a conflitos civis e transnacionais, incluindo actos de extremismos fora das zonas de guerra.

Seu papel é trazer um olhar reflexivo, do ponto de vista antropológico, uma análise considerando as variações demográficas, geográficas e geopolíticas que moldam as realidades da migração em todo mundo.  O exercício de traçar um retrato sem maquilhagens do universo particular destes personagens reais como uma tentativa de abordar mais profundamente um tema ainda silencioso na trama social.

Durante os meses de residência, o território sem fronteiras da Wozen se tornará ao mesmo tempo estúdio, galeria, palco de intercambio artístico, para aulas, atividades, debates, performances e experimentos artísticos e sociais. Reforçamos nosso compromisso com o princípio da arte-consciência e uma continuação da constante busca por um modelo viável e sustentável de desenvolvimento, produção e educação artística que beneficie não apenas os artistas como a comunidade de onde vieram. 

Uma primavera com o propósito de fazer florescer a divindade interior do indivíduo, exercitando a sensibilidade através de sentimentos singelos de inspiração para assim buscarmos uma sociedade mais empática e criativa.

Cura-dor