15.10.2024 | CROSSROADS
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CROSSROADS | Marcelo Macedo [BR] Individual Exhibition
Crossroads is the result of an artistic residency by Marcelo Macedo (born 1983, Rio de Janeiro, Brasil) at Eritage.
His creative process is influenced on a daily basis by Rio de Janeiro’s chaotic and vibrant disorder, in which unique and diverse reality he establishes himself.
Inspired by childhood experiences, scientific paradigms and spiritual practices rooted in Afrodiasporic religions, Marcelo develops his sculptures as part of a ritualistic project that transcends his artistic practice and connect his life with his work in the studio.
Each sculpture becomes an act of reverence and introspection, linking the tangible form with an intangible heritage, and allowing him to channel ancestral wisdom into his artistic processes.
Symbolizing the intersection of various elements that define our lives — past and future, rational and intuitive, material and immaterial -, Crossroads represents a converging point between different paths, decisions and perspectives.
Macedo reduces his means of expression, allowing his compositions to offer enormous freedom of interpretation. What has been seen passes through a transition of consciousness from the act of seeing. The artist analyzes primordial forms — the basis of all forms, starting with the triangle and the meaning of the number three. The multiplication of three leads to twelve.
According to the poet Manoel de Barros: "Repeat, Repeat, Repeat until it’sdifferent". Here, errors are not failures, but welcome variations. Geometric abstraction is not just a mathematical concept, but a symbolic and subtle language that dialogues with the perception of the observer. What does the image evoke in you? What is true? Is the image what it seems to be?
Crossroads emphasizes the importance of embracing intuition over rigid rationality. Through each repetition, the artist discovers new paths, reminding us that growth does not come from a predetermined result, but rather from the exploration of the unknown and the act of getting lost.
“I collect discarded things. I manipulate everything in my work until it seems like patchwork sheets, geometric meshes expanding and a contraction between joinery done and undone. Nothing should be missing or left in this wandering geometry. My works deceive the eyes, open spaces for imagination, delusions and constructions of new worlds. ” — Marcelo Macedo
Macedo simplifies forms, with a Suprematist and Constructivist allure, pioneering vanguards of Eastern Europe, establishing a unique connection with the Brazilian Neo-Concrete movement. Macedo builds complex forms of vibration, transforming the repetition of basic geometric figures into a rhythm interrupted by individual errors. This is an invitation to an attentive observation — slow, precise, peaceful and always evolving.
In the book Theory of Seeing, Władysław Strzemiński states the following idea: “It is not what the eye catches mechanically that matters in the process of seeing, but the consciousness man has of his seeing”.
Interlaced photographs and the use of reclaimed wood tell stories of interconnected lives. The once forgotten scraps are repurposed to create intricate geometric works, reflecting a journey of transformation, where the past is revisited and redefined.
We shall consider Marcelo’s practice as an inner call — to head over, remember and forget, accept and allow, and to deliver ourselves.
15.10.2024 | CROSSROADS
(portuguese)
Crossroads | Exposição Individual Marcelo Macedo [BR]
Crossroads é o fruto de uma residência artística de Marcelo Macedo (n. 1983, Rio de Janeiro, Brasil) na Eritage.
A desordem caótica e vibrante do Rio de Janeiro influencia diariamente o processo criativo do artista, levando-o a estabelecer-se nessa realidade única e diversa.
Inspirado em experiências de infância, paradigmas científicos e práticas espirituais enraizadas nas religiões afro-diaspóricas, Marcelo desenvolve as suas esculturas como parte de um processo ritualístico que transcende sua prática artística e conecta a sua vida com o trabalho no atelier.
Cada escultura torna-se um ato de reverência e introspecção, ligando a forma tangível com a herança intangível e permitindo que ele canalize a sabedoria ancestral à sua prática artística.
Simbolizando a interseção de vários elementos que definem nossas vidas — passado e futuro, o racional e o intuitivo, o material e o imaterial —, Crossroads representa um ponto de encontro entre diferentes caminhos, decisões e perspectivas.
Macedo reduz os seus meios de expressão, permitindo que as suas composições ofereçam uma enorme liberdade de interpretação.
O que foi visto passa por uma transição da consciência do ato de ver. O artistaanalisa formas primordiais — a base de todas as formas, começando pelo triângulo e o significado do número três. A multiplicação do três leva ao doze.
Segundo o poeta Manoel de Barros: “Repetir, Repetir, Repetir até ficar diferente”. Aqui, os erros não são falhas, mas variações bem-vindas. A abstração geométrica não é apenas um conceito matemático, mas uma linguagem simbólica e subtil que dialoga com a percepção do observador. O que a imagem evoca em você? O que é verdade? A imagem é o que parece ser?
Crossroads enfatiza a importância de abraçar a intuição em detrimento da racionalidade rígida. Através de cada repetição, o artista descobre novos caminhos, lembrando-nos que o crescimento não surge de um resultado predeterminado, mas sim da exploração do desconhecido e do ato de se perder.
"Coleciono coisas descartadas. Manipulo tudo na minha obra até parecer colchasde retalhos, uma malha geométrica em expansão e contração entre encaixes e desencaixes. Nada deve faltar ou sobrar nessa geometria errante. Meus trabalhos enganam os olhos, abrem espaços para a imaginação, para delírios e construções de novos mundos." - Marcelo Macedo
Macedo simplifica formas, evocando a tradição dos Suprematistas e Construtivistas, pioneiros da vanguarda do Leste Europeu, e estabelece uma conexão única com o movimento Neoconcreto brasileiro.
Macedo constrói formas complexas de vibração, transformando a repetição de figuras geométricas básicas em um ritmo, interrompido por erros individuais. É um convite à observação atenta — lenta, precisa, pacífica e sempre em evolução.
No livro Teoria da Visão, Władysław Strzemiński explica a sua ideia: “No processo de ver, o que importa não é o que o olho captura mecanicamente, mas o que a pessoa torna consciente no seu ato de ver”.
Fotografias entrelaçadas e o uso de madeira reaproveitada contam histórias de vidas interconectadas. Essas peças, outrora esquecidas, são reutilizadas em obras geométricas intrincadas, refletindo uma jornada de transformação onde o passado é revisitado e redefinido.
Trata-se de um chamamento interior — de ir, de lembrar e esquecer, de aceitar e permitir, de se entregar.