Jamel Armand Solo Exhibition
Jamel Armand Solo Exhibition
Jamel Armand Solo Exhibition
Jamel Armand Solo Exhibition
Jamel Armand Solo Exhibition
Jamel Armand inside the atelier
15.03.2025 | Quando a Chuva Beija a Poeira
(portuguese)
Quando a chuva beija a poeira
Como capturar o cheiro das primeiras gotas de chuva que tocam a terra seca — algo simultaneamente intangível e profundamente familiar? É esta interação invisível de dualidades que move a arte de Jamel Armand, juntamente com o seu fascínio por culturas antigas. O artista retrata figuras em poses que oscilam entre a humildade e o orgulho, a contenção e a liberdade, curvadas sob o peso da história, porém hirtas com uma força silenciosa. A obra de Jamel dá voz a um diálogo silencioso entre passado e presente, numa ode à pureza e à estética de civilizações já desaparecidas, cuja energia bruta e primordial ecoa através do seu estilo.
Jamel sente uma profunda conexão com as suas raízes indonésias e com as tribos às quais poderá ter pertencido numa vida passada. Ele presta-lhes homenagem pintando os seus retratos e expressando gratidão a quem o precedeu.
A história por detrás desta série foi forjada pela dor e perseverança. A própria Indonésia reflete esta dualidade: uma cultura extremamente rica e diversificada, moldada por séculos de trocas e influências, mas também marcada por um sofrimento profundo, desde a opressão colonial até à luta em curso para enfrentar o seu passado.
Ainda assim, Jamel continua a focar-se na resiliência, transformando o sofrimento em combustível para crescer e progredir.
“Sudah, itu dulu” é uma expressão malaia que significa “isso pertence ao passado”. Usada durante muito tempo como um mecanismo de defesa, ganhou novo peso à medida que um crescente sentimento de trauma transgeracional começou a exigir reconciliação. Quebrar o ciclo de reticência emocional tornou-se particularmente relevante para Jamel depois de ser pai.
Procurando ser um pai transparente, as suas emoções brutas conseguiram tornar-se presentes nas suas obras, não sempre de forma consciente, mas intuitivamente. Algumas pinturas continuam a ser um mistério até mesmo para ele. Outras, à medida que a tinta se molda à forma, revelam uma mensagem subjacente, como a poeria que, beijada pela chuva, ganha uma nova forma.
Guus van der Steen