SANDCLOCKS 103.jpg

Exposições

Exhibitions

 

A ERITAGE situa-se no centro da capital Portuguesa, em frente ao Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), o que nos inspira a criar um espaço experimental aberto ao diálogo transcultural em busca de novos formatos e processos criativos. Desta forma, desenvolvemos projectos artísticos que promovam experiências capazes de dissolver as fronteiras entre o artista e o público, entre a obra e o espectador, com propósito estimular uma nova percepção ética, de participação, coletividade, e mudança.

ERITAGE is located in the Portuguese capital, in front of MNAA (National Museum of Ancient Art), inspiring us to create a space open to intercultural dialogue in search of new formats and creative processes. Therefore, we develop artistic projects in order to promote experiences capable of dissolving the boundaries between the artist and the public, between the work and the spectator, with the purpose of stimulating a new ethical perception, of participation, collectivity, and change.

 
Back to All Events

15.03.2025 | When Rain Kisses Dust


  • Eritage 128 Rua das Janelas Verdes Lisboa, Lisboa, 1200-692 Portugal (map)

Jamel Armand Solo Exhibition

Jamel Armand Solo Exhibition


Jamel Armand Solo Exhibition

Jamel Armand Solo Exhibition

Jamel Armand Solo Exhibition

Jamel Armand inside the atelier


15.03.2025 | Quando a Chuva Beija a Poeira

(portuguese)

Quando a chuva beija a poeira

Como capturar o cheiro das primeiras gotas de chuva que tocam a terra seca — algo simultaneamente intangível e profundamente familiar? É esta interação invisível de dualidades que move a arte de Jamel Armand, juntamente com o seu fascínio por culturas antigas. O artista retrata figuras em poses que oscilam entre a humildade e o orgulho, a contenção e a liberdade, curvadas sob o peso da história, porém hirtas com uma força silenciosa. A obra de Jamel dá voz a um diálogo silencioso entre passado e presente, numa ode à pureza e à estética de civilizações já desaparecidas, cuja energia bruta e primordial ecoa através do seu estilo.

Jamel sente uma profunda conexão com as suas raízes indonésias e com as tribos às quais poderá ter pertencido numa vida passada. Ele presta-lhes homenagem pintando os seus retratos e expressando gratidão a quem o precedeu.

A história por detrás desta série foi forjada pela dor e perseverança. A própria Indonésia reflete esta dualidade: uma cultura extremamente rica e diversificada, moldada por séculos de trocas e influências, mas também marcada por um sofrimento profundo, desde a opressão colonial até à luta em curso para enfrentar o seu passado.

Ainda assim, Jamel continua a focar-se na resiliência, transformando o sofrimento em combustível para crescer e progredir.

“Sudah, itu dulu” é uma expressão malaia que significa “isso pertence ao passado”. Usada durante muito tempo como um mecanismo de defesa, ganhou novo peso à medida que um crescente sentimento de trauma transgeracional começou a exigir reconciliação. Quebrar o ciclo de reticência emocional tornou-se particularmente relevante para Jamel depois de ser pai.

Procurando ser um pai transparente, as suas emoções brutas conseguiram tornar-se presentes nas suas obras, não sempre de forma consciente, mas intuitivamente. Algumas pinturas continuam a ser um mistério até mesmo para ele. Outras, à medida que a tinta se molda à forma, revelam uma mensagem subjacente, como a poeria que, beijada pela chuva, ganha uma nova forma.

Guus van der Steen